Saul Hudson é um cara tranquilo. Ao contrário dos solos e riffs alucinados que colocaram seu nome – na verdade o apelido, Slash – na história do rock, ele é discreto. Slash não tem a mania de grandeza do seu ex-companheiro de Guns, Axl Rose. Mas o guitarrista não foge do trabalho. Está preparando o segundo CD solo de estúdio, na sequência do lançamento do segundo registro ao vivo: o CD duplo e DVD “Made In Stoke 24/7/11″, gravados na cidade inglesa em que cresceu. Ele também não se desvia das perguntas da Billboard Brasil, inclusive sobre o que achou de Chinese Democracy, o disco que Axl lançou em 2008, uma década depois de tomar o GN’R só pra ele. E para o público brasileiro que sentiu sua falta nos shows do novo Guns, ele avisa: “Se eles me chamarem para tocar no Rock In Rio em 2013, eu vou. E devo voltar aí ano que vem. Estamos fazendo um grande disco e eu acho que todo mundo no Brasil vai amá-lo. Nós nos veremos o mais cedo possível, mal posso esperar!”.
Em 2009 a revista Time elegeu você como o segundo melhor guitarrista de todos os tempos, atrás de Jimi Hendrix e na frente de gente como Keith Richards, B.B. King e Eric Clapton. Como é estar em uma posição dessas?
Oooh, eu toquei com B.B. King recentemente e foi meio embaraçoso estar em uma lista de guitarristas onde meu nome está na frente do dele, sendo que ele é uma das minhas principais influências. Mas o que eu quero dizer é que foi muito honroso. Como guitarrista, eu sei que não estou nem perto desses lendários guitarristas que estão atrás de mim. Eu recebi essa notícia de assalto e, sabe…[risos]. É um pouco embaraçoso, mas muito gratificante, porque era uma seleção pública. Ao mesmo tempo eu sinto que tenho que me desculpar com os guitarristas que ficaram atrás de mim [risos].
Quem são os guitarristas que você apontaria como suas principais influências?
Eu diria que B.B. King e Albert King são dois dos meus favoritos em todos os tempos. Keith Richards e Mick Taylor, nos Stones dos anos 70. Jimi Hendrix, Eric Clapton, Jimmy Page, Jaff Beck, os quatro grandes [risos]. Joe Perry e Brad Whitford, do Aerosmith, e Malcolm e Angus, do AC/DC, foram enormes influências para mim. Rick Nielsen, do Cheap Trick, também.
Em seu primeiro disco solo você gravou com grandes artistas como Iggy Pop, Ozzy, Dave Grohl, Lemmy. Há alguém mais com que você gostaria de gravar?
Quando fiz aquele disco solo consegui trabalhar com alguns tremendos cantores, mas não era como se eu tivesse uma lista de cantores com quem eu quisesse trabalhar. Foi mais a música que escolheu o vocalista. Tipo: “Quem soaria bem nessa? Ok, esta definitivamente soa como Iggy Pop. Essa outra soa como Ozzy, e essa outra como Lemmy”. Foi assim que os vocalistas foram escolhidos. Se eu fosse fazer outro disco como aquele, provavelmente faria do mesmo jeito. Mas Roger Daltrey seria ótimo, Robert Plant seria ótimo, posso pensar em vários deles.
Você agora está gravando um novo álbum. Como está indo?
Os caras na banda são fantásticos de se trabalhar, e Myles é um tremendo cantor, tem sido ótimo. Nós começamos no estúdio hoje, agora vamos gravar três músicas nesta semana e então Myles irá voltar para o Alter Bridge por um mês. Em dezembro nós começaremos a gravar o restante do disco.
Você escolheu a cidade onde foi criado para gravar seu segundo álbum ao vivo em carreira solo, que está sendo lançado no Brasil. Como foi tocar lá?
Foi uma noite muito especial por ser a primeira vez em que toquei lá. Eu tenho muitos parentes e amigos lá. Tenho uma família extensa [risos]. Foi ótimo, nem todos eles vivem em Stoke. Alguns de meus tios e tias vivem lá e outros pela Inglaterra. Mas é ótimo vê-los. Eu vou bastante à Inglaterra para tocar, e eles vêm aos meus shows, nós damos algumas voltas pelo hotel ou qualquer coisa assim, é sempre bom vê-los.
E sobre o Velvet Revolver? A banda voltará algum dia?
Bem, não há nada acontecendo com o Velvet neste segundo. Eu sei que há muitos rumores por aí até agora, e a banda continua viva, mas neste momento nós estamos um pouco perdidos, vamos ver no futuro o que acontece.
Recentemente você também foi transformado em um desenho para Phineas & Ferb – O Filme, da Disney. Como foi isso?
Foi divertido. Eu fui convidado para escrever uma música com os criadores do filme, sou um grande fã de animações. Gosto de todos os tipos, tenho planos de fazer um desenho algum dia. Andando com os criadores do filme e ouvindo suas histórias, aprendi que esses caras são artistas que batalham muito: levaram dez anos para finalmente tirar aquele desenho do chão. Depois me encontrei com o cara que escreve as músicas e com os animadores, e nós escrevemos a canção. Eu tinha um riff, e eles tinham a letra: nós só juntamos tudo.
O atual Guns N’ Roses tocou aqui este ano, e você, Izzy, Steven e Duff foram muito lembrados pelos fãs. Você já ouviu a nova banda alguma vez?
Eu realmente não ouvi nenhuma formação do novo Guns N’ Roses. A única coisa que ouvi foi o Chinese Democracy quando saiu, o que foi legal.
Você gostou?
Do Chinese Democracy? Sim. É um bom disco. É muito mais do que eu poderia esperar, vamos colocar desta forma. Foi acima das minhas expectativas [risos].
Tivemos esse ano mais uma edição do Rock In Rio. Você esteve aqui com o GN’R em 1991. Como foi tocar no festival?
Foi particularmente diferente. Nós nunca tínhamos tocado na América do Sul antes, eu não sabia nada sobre o público brasileiro. Então, quando chegamos aí, foi excitante, mas eu não estava preparado para o quão excitante isso acabou sendo [risos]. Foi muito foda, um dos momentos especiais que eu tenho na memória. De todos os grandes shows, aquele foi definitivamente um deles. E isso sempre me faz voltar à América do Sul toda fez que saímos em uma turnê. É, aquele foi um grande momento. Você estava lá?Screen da primeira parte da entrevista.
Fonte: Revista Billboard – Edição 25 (Novembro 2011)
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